LEGBARÁ – ORIXÁ EXÚ – BARA
Exú é um Orixá africano, também conhecido como: Elegbará, Esu, Eshu, Bara, Ibarabo, Legbá, Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù, Yangí, Ònan, Lállú, Tiriri, Ijèlú.
Elegbará recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce ou com suas qualidades: Elegbá ou Elegbará, Bará ou Ibará, Alaketu, Agbô, Odara, Akessan, Lalu, Ijelu (aquele que rege o nascimento e o crescimento de tudo o que existe), Ibarabo, Yangi, Baraketu (guardião das porteiras), Lonan (guardião dos caminhos), Iná (reverenciado na cerimônia do padê).
Dizem na Bahia que existem vinte e um Elegbará; outros falam de sete, ou de vinte e uma vez, mas ele é ao mesmo tempo múltiplo e uno.
Elegbará é o Orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano. A palavra Èsù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o Orixá do movimento.
Elegbará é um dos mais importantes Orixás, e, é sempre o primeiro a receber as oferendas, as cantigas, as rezas, é saudado antes de todos os Orixás, antes de qualquer cerimonia ou evento, atribuindo o nome de “despachar” Exú(Elegbara), com um duplo objetivo, o de despachá-lo como mensageiro para chamar e convidar os Orixás para a cerimonia e também de despachá-lo, enviá-lo para longe, afim de que ele não venha a perturbar a boa ordem da festa por meio de gracejos de mau gosto.
O Elegbará Orixá não incorpora em ninguém para dar consultas como fazem os Exus de Umbanda, eles são assentados na entrada das casas de culto como guardiões, e em toda casa de candomblé tem um quarto para Elegbará, sempre separado dos outros Orixás, onde ficam todos os assentamentos dos exus da casa e dos filhos de santo que tenham exu assentado.
Os primeiros europeus que tiveram contato na África com o culto do Orixá Exú dos iorubás, venerado pelos fons como o vodum Legba ou Elegbara, atribuíram a essa divindade uma dupla identidade: a do Deus fálico greco-romano Príapo e a do diabo dos judeus e cristãos. A primeira por causa dos altares, representações materiais e símbolos fálicos do Orixá; a segunda em razão de suas atribuições específicas no panteão dos Orixás e voduns e suas qualificações morais narradas pela mitologia, que o mostra como um Orixá que contraria as regras mais gerais de conduta aceitas socialmente. Atribuições e caráter que os recém-chegados cristãos não podiam conceber, enxergar sem o viés etnocêntrico e muito menos aceitar.
Os primeiros missionários, espantados com tal conjunto, assimilaram-no ao diabo e fizeram dele o símbolo de tudo que é maldade, perversidade, abjeção e ódio, em oposição a bondade, pureza, elevação e amor a Deus.
Mas Elegbará capaz de provocar acidentes e calamidades públicas e privadas, desencadear brigas, desentendimentos e mal-entendidos, se ele é o companheiro oculto das pessoas e as leva a fazer coisas insensatas, se excita e atiça os maus instintos, tem igualmente seu lado bom e, nisso, Elegbará revela-se e, talvez seja , o mais humano dos Orixá, controvertido e não domesticável, porém nem santo nem demónio.
É o fiel mensageiro daqueles que o enviam e que lhe fazem oferendas. Elegbará tem qualidades e defeitos, sendo dinâmico e jovial. Foi ele também quem revelou a arte da adivinhação aos humanos. Seu lugar de origem é impreciso.
É astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria, grande conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos daí a assimilação com o diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio.
Porém “… nem completamente mau, nem completamente bom…”, na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria “Iniciação” – contido no documentário “Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia”, Elegbará reage favoravelmente quando tratado convenientemente, identificado no jogo do merindilogun pelo odu okaran.
Em Cuba é chamado de Elegua ou Elegguá ou Eleggua é uma das deidades da religião yorùbá. Na Santeria é sincronizado com o Santo Niño de Atocha ou com Santo Antônio de Pádua. É o porteiro de todos os caminhos, da montanha e da savana, é o primeiro dos quatro guerreiros junto à Ogún, Osun e Oshosi. Tem 201 caminhos e suas cores são o vermelho e o preto .
Elegbara, é uma divindade criada que se manifesta desde os tempos primordiais, ligado a forças energéticas, e como todos os demais Orixás, tem atribuições específicas.
É Elegbara quem estabelece a extensa rede de comunicação entre os seres humanos e a natureza divina que nos circunda.
Está diretamente ligado e relacionado com as partículas atómicas, as cargas electrónicas que o sangue se encarrega de distribuir, actuando desta forma como plasma como plasma sanguíneo, bioelétrico.
Está ainda associado a vários tipos de radiações energéticas que formam complexos agrupamentos, que logo se auto-organizam como uma rede de forças uniformes, ou seja, uma colecção de partículas (elétrons, íons, partículas neutras) ligadas a produção de radiação e oscilação de caracteres diversos. Desta forma ,o plasma biológico (BARÁ), permite estabelecer uma co-relação entre os processos internos do organismo e as condições externas do ambiente. Assim, o plasma pode ser definido como manifestação bioelétrica natural de todo o organismo vivo.
Ilustrando bem esta situação quanto à energia que envolve este Orixá, temos uma frase muito usada no meio espiritualista, ou seja:
-ELEGBARÁ está frio, ou ELEGBARÁ está quente.
Utilizando esta frase é simples de perceber, a complexidade desta energia, quando atua de forma direta na vida.
Quando Elegbara está próximo, a esfera, a aura é avermelhada e a pele, por mais fria que esteja a temperatura ambiente, estará quente. Respondendo facilmente ao ‘toque’, ou seja ao ‘sacudimento’. Popularmente chamado de sangue quente.
Quando ocorre a pessoa ter o afastamento desta energia, quando está desequilibrado ou rompido com o ser, a sua aura, a sua esfera vibracional, fica completamente azul. Passa a agir com absoluta emoção, acabando por se perder e desorganizar a sua vida, já que as informações de fora não chegam corretas e completas ao cérebro, da mesma maneira que as de dentro não atingem a consciência do todo.
A dualidade é uma realidade característica do universo.
O equilíbrio é mantido sob dois pólos.
O homem por si só caracteriza-se por ser dual: CORPO e ESPÍRITO.
Esta dualidade muitas vezes cria controvérsia, e, temos com Orixá ELEGBARA, talvez a mais polémica e controvertida energia.
Dúvidas imputadas pela distorção do conhecimento. Estímulo da imaginação visando manipular através do medo usando má fé e principalmente a influência negativa por falta de conhecimento, bitolando as mentes das pessoas, incutindo a maldade, o feio como oposto de uma nova criação mandatária e interesseira sendo o legado do bem, do belo, do divino. Pura ignorância.
ELEGBARA, não é demónio, muito menos a negação da bondade.
ELEGBARA é o elemento dialético do cosmo, está em todo local, é o >ser-força<, que está em toda parte e pertence a todos os domínios existentes.
Esta energia está diretamente associada e cumprindo o organograma estipulado por OLORUM, OLODUMARÉ, sendo, mensageiro das demais Divindades, pois só ele pode dar movimento às coisas.
No universo tudo está em movimento, evolução. Tudo está ativo.
Organizadamente ativo. E somente ELEGBARA pode dar sequência à evolução, pois somente ele pode transportar a mensagem do som que sai.
O fogo crescente que inicia seu caminho.
É importante frisar que os demais Orixás, com suas responsabilidades em termos universal, têm também um ELEGBARÁ individualizado para servir de elemento de ligação entre o Divino e os mortais.
E mesmo assim ELEGBARÁ não perde sua individualidade, sua energia, muito ao contrário, ele absorve a energia a que está vinculado e recomeça junto com a sua energia nova trajetória harmonizando com o todo, visando o cumprimento da regra do conjunto.
Governa o fluxo de energia e a realização correta dos fenómenos naturais, mensageiro entre Divindades e mortais. Por este motivo tornou-se o Senhor de Todos os Caminhos, trabalhador nas encruzilhadas energéticas e das dúvidas, estradas, portas, porteiras, etc.
Fogo serpentino.
Liberto e autónomo.
Grande poder de construir e destruir. Mas não aceite o destruir como sinónimo de estragar, mas sim, uma necessidade de modificação buscando manter a evolução e o movimento.
Incansável e muitas vezes com fortes contradições.
Orixá ELEGBARÁ tem o privilégio de receber todas as obrigações em primeiro lugar.
Adora tudo que o Homem gosta, comer, beber, cantar, dançar, rir, fazer amor. Não o sexo convencional reprodutivo apenas, mas o charmoso, cheio de melindres, agrados, bajulamentos.
Sempre muito alegre, animado, brincalhão, inteligente e vivo.
É dado a fiscalização, e, a ele pertence o conhecimento do caminho, dos bons e maus costumes.
Sempre atento a inovações.
Pode realizar qualquer tarefa, quando permitido pela Lei Maior de Deus, quando solicitado, desde que ganhe algo em troca.
Alerto para a Lei Primeira: A Lei do karma, Causa e Efeito.
ELEGBARÁ é a ação.
Com suas polaridades e inversões, faz lembrar que OBALUAIÊ, com seu ELEGBARÁ, seu princípio dinâmico do existir não é apenas morte e sofrimento, mas sim e principalmente transformação e vida. ELEGBARÁ e OBALUAIÊ encontram-se na pele.
Pela sua dinâmica, influência, ELEGBARÁ é uma entidade muito sensível que só OLODUMARÉ pode controlar. Entidade ciumenta.
ELEGBARÁ é BOM, o que não é bom é a conduta e postura dos homens que desejam utilizar a energia dele para situações que alterem a evolução, principalmente utilizando sua carga negativa, saturada.
Ao contrário do que acontece em Candomblé, na Umbanda, não assentamos médiuns como filhos de Elegbara, ficando estes mediuns sob o cuidado de Ogum, que como sabem é o Orixá que tem o comando sob os falangueiros de Elegbará.
Características
Cor | Preto e Vermelho |
Fio de Contas | Preto e Vermelho |
Ervas | Pimenta, capim tiririca, urtiga, arruda, salsa, hortelã, mamona |
Símbolo | Bastão – agô, Tridente |
Pontos da Natureza | Encruzilhadas e passagens. |
Flores | Cravos Vermelhos |
Essências | Musk |
Pedras | Granada, Rubi, Turmalina Negra, Onix |
Metal | Ferro, Bronze, Ouro |
Saúde | Dores de cabeça relacionadas a problemas de fígado |
Planeta | Mercúrio |
Dia da Semana | Segunda-feira |
Elemento | Fogo |
Chakra | Básico, Sacro |
Saudação | Laroiê, Alupô |
Bebida | Cachaça, Dendê |
Animais | Cachorro, Galinha Preta, Galo Preto, Bode |
Comidas | Padê, Limão |
Número | 3,13,33 |
Data Comemorativa | 13 de Junho |
Sincretismo | Santo António, em algumas regiões S. Pedro |
Incompatibilidades | Leite, Comidas Brancas e Sal |
Conheça algumas características dos filhos de Elegbará
É normal que cada Orixá e não poderia ser diferente com ELEBARÁ, repasse a seus filhos encarnados um pouco do seu ser.
Os filhos deste Orixá apresentam algum sinal típico físico, problemas com circulação, cardíacos, articulações e sistema nervoso, emotivos ao extremo, ciumentos. São sonhadores, gostam de liberdade mas não as dão.
Vida curta e agitada. Amigos dos prazeres da vida adoram comer, beber, mas muitas vezes quando bebem, tudo pode mudar, tornando-se mentirosos, briguentos, rabugentos, provocativos, insolentes, desordeiros, indesejáveis, mal educados, atrevidos, principalmente provocadores de situações embaraçosas ligadas à infidelidade conjugal. Maldosos, ciumentos, mania de vigiar, estando sempre atento em tudo e em todos. Não gostam de estar sozinhos. Adoram ser o centro das atenções, de chamar a atenção, muitas vezes até criando situações de embaraços.
Os negócios são feitos quase que instantaneamente, pois são volúveis e mudam com frequência de opiniões. Sentem atrações por lidarem com fracos e doentes. Solidários não pela própria vontade. São de estaturas medianas, não se amedrontam com doenças, futuro e situações difíceis.
Numa conversação, dificilmente seu pensamento estará ligado ao assunto, está sempre correndo na frente.
Temperamento explosivo e impulsivo. Amoroso, radical, sonhador, adorador das surpresas e diferenças. Apaixonado pelo sexo oposto, infiel mas preso a uma única pessoa. Prestativo, amante fantástico, manhoso, amável.
Axé
Mãe Vanda D’Oyá